segunda-feira, 13 de julho de 2009

O QUE É INTERSUBJETIVIDADE DENTRO DA CONCEPÇÃO ENSINO-APRENDIZAGEM?

A subjetividade é o mundo interno de todo e qualquer ser humano. Este mundo interno é composto por emoções, sentimentos e pensamentos. Através da nossa subjetividade construímos um espaço relacional, ou seja, nos relacionamos com o "outro". O campo da educação se tece no diálogo com demais saberes.“Educar é saber lançar no chão fértil do outro-meu aluno, meu companheiro, alguém com quem dialogo, saberes, sonhos, e valores - a semente que adiante faça germinar em seu coração o desejo de partilhar com os outros o diálogo da construção de um mundo de justiça, de igualdade e liberdade.” (BRANDÃO 1995, s/p). Esta educação, que o autor comenta, serve para reconstruir o ser humano, a partir dele próprio, em contato com o outro, com a intenção de assim possibilitar sua libertação. E sendo no processo de auto-reconstrução o momento de reconstrução da consciência, da cidadania e do desenvolvendo dos valores coletivos inerentes ao convívio social. Sabemos que, a educação se torna um processo educativo e diretivo a medida que passamos a ressignificar a vida humana, dando novos sentidos, possibilitamos novas releituras de acontecimentos antes vistos, vividos e sentidos pelos sujeitos do processo. Partindo do fato de que o campo da educação se tece no entrelaçamento com outros saberes, a intersubjetividade torna-se uma condição necessária para, o processo de ensino-aprendizagem e uma constituição subjetiva criativa. A possibilidade da educação ser um espaço de criação, contraposta à “apatia” e à violência que predominam nos processos de subjetivação contemporâneos, nos quais pode-se afirmar existir um extremo individualismo, a atenção deve está voltada para a construção da intersubjetividade como fundamental para o processo de ensino-aprendizagem. Isto pode ser visto nas referências de Vygotski nas suas referências à “zona de desenvolvimento proximal”, em que o professor é um mediador/interlocutor no desenvolvimento e aprendizagem do aluno. Com ele podemos concluir que é o grupo cultural ao qual o indivíduo pertence que lhe fornece formas de perceber e organizar
o real. Isto, contudo, sem deixar de assinalar que o indivíduo está num processo de criação e de interpretação contínuas. O conhecimento, por sua vez, deve
ser entendido como produzido na relação professor/aluno, o que nos distancia tanto do perigo de incorporação de uma dada teoria, como se fosse a resposta última para nossas questões, quanto de uma concepção tecnicista, voltada para estatísticas e metas a serem atingidas de forma pré-estabelecidas (ROCHA, 2001). Reflexões neste sentido, que concebam uma construção de conhecimento na relação aluno/professor, ou uma construção intersubjetiva criativa a partir de uma dada interação, torna o espaço educacional um lugar de criação na medida em que permita autonomia e autocriação do aluno e do professor. O importante, é trabalhar na direção de se pensar o espaço educacional através das questões da responsabilidade e do reconhecimento mútuo que permitam sujeitos de ação e de criação. A Escola, para além de reproduzir o estabelecido ou a “ideologia dominante”, pode ser transformadora,
proporcionando inclusive cidadãos mais conscientes e críticos, capazes de transformarem a si mesmos e o meio em que vivem. O espaço educacional pode ser espaço de criação, portanto, se estiver menos voltado para a transmissão de conteúdos e para uma relação hierárquica frente ao conhecimento, e mais direcionado para uma aprendizagem que seja intersubjetiva e dialógica. Assim, o espaço educacional pode ser visto como mobilizador de nossas potencialidades de vida, na qual se criam novos sentidos para as práticas pedagógicas, o que nos faz sair
da posição de apatia tão característica de nossa narcísica sociedade contemporânea. Esta sociedade passa a mensagem de que tudo depende exclusivamente da criatividade e do empenho de cada um, o que faz crescer o sentimento de responsabilidade, porém vivida de uma forma individual. Nesse novo contexto, se os indivíduos não
alcançam aquilo que um dia se achavam capazes de alcançar, uma reação possível é a incapacidade do indivíduo de agir, de criar, de progredir, ou seja, acaba por individualizar o ensino/aprendizagem e seu possível fracasso. O papel da Escola é
reverter as questões do individualismo, transformando os envolvidos no processo para uma nova abordagem de ensino-aprendizagem, visando a participação dos alunos nos trabalhos em grupos, desenvolvendo a prática da pesquisa, conciliando-a aos novos métodos da tecnologia, isto é, construindo um processo de intersubjetividade. Privilegiando este tipo de encaminhamento, a Escola poderá participar da construção de sujeitos mais ativos, posto que a partir de determinadas maneiras de interação, um
novo sentido e uma nova ação no mundo poderão advir. É claro que ela por si não pode transformar a sociedade da qual é apenas um elemento, entretanto, é o espaço no qual essa transformação deve ser operada. Faz-se necessário a mudança do ponto de vista da comunidade escolar para as transformações das práticas educativas, em que o aluno torna-se sujeito da história e o professor o mediador da compreensão da visão de mundo que o aluno tem. Os cursos de formação continuada é uma estratégia que beneficiará a transformação do sistema educacional, proporcionando um a educação de qualidade para todos.